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ECLIPSE TOTAL DA LUA
27-28 de Outubro de 2004

Manual de Observação

por José Angelo Rodrigues

Na noite de 27 de Outubro (quarta-feira), nossos olhos estarão voltados para o céu: a partir das 21h05 tem início mais um eclipse total da Lua, que poderá ser observado de todo o território nacional. O próximo visível no Brasil só ocorrerá em 2007, o que torna este fenômeno celeste ainda mais imperdível; portanto, consulte a previsão do tempo e procure um local com boas perspectivas. Céus claros e boas observações!

Para que você acompanhe ao máximo o espetáculo, o autor do Guia Monte Verde preparou este manual de observação, com um cronograma detalhado de todas as etapas do evento e um diagrama do eclipse para imprimir.



Imprima nosso diagrama
com todos os horários do eclipse


NOTA: Os horários mostrados se referem à Hora Legal de Brasília. Não está previsto o início do horário de verão.


O ECLIPSE PASSO A PASSO

Ao contrário dos eclipses solares, que exigem cuidados especiais com os olhos, um eclipse da Lua pode ser observado sem nenhum perigo. Não é preciso nenhum instrumento, pois ele é facilmente visível mesmo a olho nu. Contudo, caso você disponha de um par de binóculos de qualquer tipo, eles serão muito úteis e revelarão bonitos detalhes adicionais, principalmente durante a totalidade.

Acompanhe no desenho abaixo uma simulação do autor de como serão as diferentes fases do eclipse e veja em seguida todos os detalhes e horários de cada etapa do evento.

1) INÍCIO DO ECLIPSE - 21h05

Iluminada pelo Sol, a Terra projeta uma sombra no espaço com mais de 1,3 milhão de quilômetros de comprimento. Essa sombra tem a forma de um cone composto de 2 regiões: a umbra, a região escura onde a Terra bloqueia toda a luz do Sol, e em torno dela a penumbra, mais clara, onde apenas uma parte da luz solar é bloqueada pela Terra.

Embora o eclipse comece tecnicamente no momento em que a Lua inicia sua entrada na penumbra, no início não será possível notar qualquer mudança porque essa região produz uma sombra muito fraca. A variação no brilho do disco lunar só começará a ficar perceptível a olho nu a partir das 21h45, aproximadamente, quando a Lua penetra na parte mais interna e mais escura da penumbra.

2) INÍCIO DA FASE PARCIAL - 22h14

A esta altura a Lua já está totalmente imersa na penumbra, e agora o sombreamento é bastante evidente. Neste momento a Lua atinge a borda da umbra (a parte mais escura da sombra terrestre), dando início ao eclipse parcial. Mesmo a olho nu será fácil notar o disco lunar desaparecendo pouco a pouco atrás da Terra. A umbra é bastante escura e produz uma sombra circular muito nítida na superfície da Lua. Esse fato foi utilizado pelos gregos antigos para comprovar que a Terra é redonda!

Na medida em que a Lua avança para dentro da umbra, ela vai desaparecendo gradualmente na escuridão. Por volta das 22h45, porém, a área eclipsada deve começar a ficar ligeiramente avermelhada. Isso ocorre porque a sombra da Terra não é totalmente escura: a atmosfera terrestre funciona como uma lente e faz com que uma parte da luz do Sol seja desviada para dentro da sombra, principalmente os tons vermelhos e alaranjados (é por esse mesmo motivo que no nascer e no por do sol o céu fica com uma tonalidade avermelhada).

Poucos minutos antes do eclipse total, as mudanças na coloração da Lua são dramáticas, produzindo um efeito de cores muito bonito que pode variar do amarelo ao marrom escuro. Este é um momento imperdível, que deve ser acompanhado instante a instante.

3) INÍCIO DA FASE TOTAL - 23h23

Neste momento a Lua mergulha totalmente na sombra terrestre e tem início o eclipse total. O disco lunar adquire uma coloração que pode conter tons amarelados e alaranjados, chegando ao vermelho escuro.

Nenhum eclipse é igual a outro, e não é possível prever com exatidão quais serão as cores e o brilho da Lua nessa fase, pois isso depende da quantidade de nuvens e, principalmente, de poeira em suspensão na atmosfera terrestre. Como não têm havido grandes erupções vulcânicas (que tendem a provocar eclipses escuros, pois lançam enormes quantidades de cinzas que permanecem em suspensão durante anos), devemos esperar um eclipse brilhante e muito colorido, como o que ocorreu em novembro do ano passado.

Ao contrário do último eclipse visto do Brasil (em que a Lua passou muito perto da borda da umbra, o que resultou em apenas 25 minutos de totalidade), desta vez o eclipse total terá uma duração bem maior: serão 1 hora e 21 minutos de totalidade. No ponto intermediário da fase total, o norte da Lua deve ficar mais claro e brilhante, por estar mais próximo da borda da umbra; já o lado oposto, mergulhado na parte mais escura da umbra, deve apresentar uma coloração mais avermelhada e escura. O máximo do eclipse total ocorre às 00h04.

4) FIM DA FASE TOTAL - 00h44

A Lua começa a emergir novamente do outro lado da umbra, e a partir daqui os eventos ocorrem basicamente na seqüência inversa. Mais uma vez, os primeiros minutos após o fim da totalidade são acompanhados de grandes mudanças na coloração e no brilho do disco lunar, com um arco brilhante surgindo na borda nordeste. Na medida em que a Lua volta a ser iluminada pelo Sol, ela vai perdendo gradualmente a sua tonalidade avermelhada, que deve desaparecer por volta de 01h15.

5) FIM DA FASE PARCIAL - 01h53

Três horas e quarenta minutos depois de iniciar sua passagem por trás da Terra, a Lua deixa a umbra terrestre. Só o que resta agora é a pálida sombra provocada pela penumbra, que ainda pode ser notada por uns 30 minutos. Os últimos vestígios dessa fraca sombra devem desaparecer por volta de 02h25.

6) FIM DO ECLIPSE - 03h02

A Lua sai da penumbra e deixa definitivamente o cone de sombra da Terra.


PRÓXIMOS ECLIPSES: Em 2005 e 2006 não haverá mais nenhum eclipse total da Lua; nesse período ocorrerão 2 eclipses parciais, mas eles não serão visíveis no Brasil. O próximo eclipse total, que poderá ser observado no país, só acontecerá no dia 3 de março de 2007.


O autor José Angelo Rodrigues é bacharel em Física pela USP e astrônomo amador.


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